quarta-feira, 26 de março de 2008

ARQUITETURA COMO OPÇÃO DE ESTILO

Séc. XIX e início do XX[1]
É difícil demarcar os limites entre o historicismo e o ecletismo, por outro lado, é conveniente e convincente segundo Luciano Patetta, considerá-los no seio de um mesmo conjunto de experiências culturais que possuem continuidade histórica[2] e ideológica. Contexto que ele denomina de Historicismo. A opção estilística, que se configura nesta conjuntura, resulta de um ato de escolha do projetista (um ato crítico, subjetivo), “cujo ponto de chegada é o conceito”[3]. A escolha envolve uma postura moral, que permite aos projetistas: liberdade de interpretação e caracterização[4]. Nesse período, estabelece-se no campo da arquitetura que há uma dialética constante entre as razões da arquitetura e razões éticas, sociais e políticas.
O quadro cultural do Historicismo (e Ecletismo) foi marcado pela ascensão e estabelecimento da classe burguesa, que solicitava conforto, higiene, funcionalidade e novidades, porém “rebaixava a produção artística e arquitetônica ao nível da moda e do gosto”[5].
Para a clientela burguesa, esses “estilos” podem ser considerados “imagens de desejos”, nos quais se busca sublimar “a imperfeição no produto social”[6].
“a forma dos novos modos de produção, a princípio dominada pela dos antigos (Marx), correspondem, na consciência coletiva, a imagens nas quais o novo se interpenetra com velho”[7].
Nesse período, o arquiteto contava com um sistema de regras e preceitos de composição, de decoro e de ornamentação, que dispunha dos mais variados elementos lexicais, advindos de diversos períodos históricos e regiões geográficas[8].
Nesse contexto, distinguem-se três correntes predominantes de acordo com a relação entre produto e modelo, segundo Luciano Patetta: “composição estilística”, recurso da imitação correta de um estilo do passado; “historicismo tipológico”, baseado em procedimentos de caracterização analógica da arquitetura; e “pastiches compositivos”, com toda liberdade de criar soluções “estilísticas”[9].


1 Historicismo - Clássico / Historicismo - Romântico
As condições para o surgimento do Neoclássico
Transformações Culturais - Keneth Frampton trata do aumento da capacidade humana em exercer controle sobre a natureza.
Transformações culturais de decadência do antigo regime, ascensão da burguesia quanto à tecnologia (aumento da capacidade de produzir). A nova consciência humana ligada produz novas categorias de conhecimento - Historicista, reflexivo.

Argan - Arte Moderna
Romantismo e clássico são interações que dão base ao nascimento da arte moderna. Numa posição historicista o clássico torna-se o arquétipo de arte - arte x natureza.
Já no romantismo, a arte tem como base a própria base arte. (história)
Para eles o pensar por imagens é tão legitimo quanto pensar a estrutura – A Estética, teoria de sensibilidade, gosto, subjetividade. A base vem de Hegel. Razão é histórica, as idéias não são intemporais, elas mudam.

A importância da história no período
Cultura é o lugar de transformação racional. Relação humana com o tempo e no tempo.
Hegel - Natureza é o reino de semelhança/repetição diz G. F. HEGEL no sistema das artes. Hegel identifica História e Cultura. Espírito é a via de transformação da história.
Marx – identifica as lutas de classe e a produção como as vias de transformação da história.
“O ponto-de-vista do antigo materialismo é a sociedade "civil"; o do novo materialismo, a sociedade humana ou a humanidade socializada.”
“Os filósofos não fizeram mais que interpretar o mundo de forma diferente; trata-se, porém, de modificá-lo.” Karl Marx In Teses sobre Feuerbach.

Romantismo [Regional x Cosmopolita] x Iluminismo [Individual x Universal]
Segundo Argan, em Arte Moderna, a arquitetura e arte moderna surgem da dialética entre o clássico do iluminismo e o historicismo romântico. Nota: palavras chave da modernidade: subjetividade / espiritualidade / sensibilidade/ expressão/ intenção.
Nova atitude frente à história - conhecimento consciente - estilo significa diferentes atitudes frente ao passado, que dá na postura Eclética: Ecletismo se encontra dentro da própria Beaux Arts - recuperando outros estilos - o clássico era considerado unilateral. A perda dos significados dos estilos históricos é profunda.
Diderot (Século XVIII)- eclético é aquele que passa por cima da tradição, da autoridade, da opinião (doxa), com todos os prejuízos e se atreve a pensar por si mesmo.


[1] Notas de aula Clara Luiza Miranda- disciplina de THAU2/ dep. Arquitetura e Urbanismo. UFES
[2] PATETTA, L. Considerações sobre o Ecletismo na Europa. In. FABRIS, A. (1987). Ecletismo na Arquitetura Brasileira. São Paulo: Studio Nobel: EDUSP. pp. 10-27 p. 10
[3] ARGAN. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 23
[4] “Introduzir caráter em uma obra é empregar com equidade todos os meios próprios para fazer-nos experimentar sensações além daquelas que devem resultar do tema”. (Boullé. Ensaio sobre a Arte. Ed H Blume, p. 67). A linguagem é o mesmo que caráter, assim o significado deve aparecer na forma. Boullé diz que ao olhar um objeto, o primeiro sentimento experimentado “é de que maneira o objeto nos afeta”. Boullé (séc. XVIII), denomina de caráter “o efeito que resulta deste objeto e que o que causa em nós uma determinada impressão”. BOULLÉ, E. L. Ensaio sobre a Arte.
[5] PATETTA. Op. Cit.
[6] BENJAMIN, W. Paris Capital do Século XIX. São Paulo. Espaço & Debates. n. 11. 1984. pp. 5-13
[7] Id. Ibid.
[8] PATETTA. Op. Cit. p. 14
[9] Id. Ibid. p. 14-5

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